Operacao falso profeta 'um octilhão de reais': Polícia do DF faz operação contra pastores suspeitos de aplicar golpe em mais de 50 mil vítimas
Investigadores apuraram que quadrilha prometia 'rentabilidade estratosférica' para pessoas que depositassem a partir de R$ 25; elas eram levadas a crer que haviam sido 'escolhidas por Deus' para receber 'benção'
Os suspeitos são acusados de formar uma "rede criminosa organizada, estruturalmente ordenada, hierarquizada e caracterizada pela divisão de tarefas, especializada no cometimento de diversos crimes como falsidade ideológica, lavagem de dinheiro, sonegação fiscal e estelionatos por meio de redes sociais (fraude eletrônica)". O objetivo dos golpistas, segundo a polícia, seria obter vantagem econômica às custas das vítimas.
Veja fotos da Operação Falso Profeta, contra quadrilha que teria explorado fiéis
Em dezembro, a polícia chegou a prender em Brasília um dos suspeitos de envolvimento no esquema. Na ocasião, ele usou um documento falso numa agência bancária para simular ter um crédito de cerca de R$ 17 bilhões. Preso em flagrante, Paulo Roberto Salomão foi descrito pelos investigadores como "o principal influenciador digital" da quadrilha. O grupo continuou a aplicar golpes mesmo após essa detenção.
Quadrilha de 200 integrantes, incluindo lideranças evangélicas
Os integrantes da quadrilha convenciam as vítimas a investir por meio de conversas enganosas nas redes sociais (Youtube, Telegram, Instagram, Whatsapp, etc.) "abusando da fé alheia, da crença religiosa e invocando de uma teoria conspiratória apelidada de 'Nesara Gesara'" (uma suposta alteração na economia global em que seria possível ganhar muito, investindo pouco).a polícia, a maioria das vítimas era evangélica e era levada a investir economias em falsas operações financeiras ou falsos projetos de ações humanitárias. Em troca, receberiam "retorno financeiro imediato", com "rentabilidade estratosférica".
A investigação começou há um ano. Segundo a Polícia Civil do DF, o grupo é composto por cerca de 200 integrantes, incluindo dezenas de lideranças evangélicas intitulados pastores. Os religiosos são acusados de induzir as vítimas ao erro — normalmente, fiéis que frequentam suas igrejas e que eram levados a acreditar que eram escolhidos por Deus para receber a "benção", isto é, quantias milionárias.
Os investigadores destacaram que o grupo mantinha empresas "fantasmas" e de fachada que simulavam ser instituições financeiras digitais (falsos bancos), com alto capital declarado. As vítimas eram enganadas que receberiam o dinheiro por meio dessas instituições.Para dar uma aparência de legalidade à operações, o grupo fazia contratos falsos com as vítimas, nos quais prometiam a liberação de "quantias surreais provenientes de inexistentes títulos de investimento". O grupo afirmava que tais títulos estavam registrados no Banco Central do Brasil (Bacen) e no Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf).
"Os alvos poderão responder, a depender de sua participação no esquema, pelo cometimento dos delitos de estelionato, falsificação de documentos, falsidade ideológica, lavagem de dinheiro, crimes contra a ordem tributária e organização criminosa", afirmou a PCDF, em nota.