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Luiz Estevão humilha Iranildo em frente à imprensa e nega sua liberação


Publicação:07/12/2010 08:32

Atualização:07/12/2010 12:53

Em frente à imprensa e aos assessores de imprensa do Brasiliense, mandatário do clube Luiz Estevão humilha Iranildo, maior ídolo. Senador cassado veta a liberação do meia

Desde a 34ª rodada da Série B, o meia Iranildo está afastado do elenco do Brasiliense. Acusado de ter abandonado um treino para os não relacionados às vésperas do confronto contra o Bahia, o jogador recebeu a notícia do motorista e homem de confiança do mandatário Luiz Estevão, Rubinho, para não mais comparecer às atividades no clube até segunda ordem.

Ontem, a exatos 10 dias após o consumado rebaixamento do Jacaré à Série C do Brasileiro, o dono do time e o ex-camisa 10 se reuniram. Numa tentativa explícita de expor o jogador ao ridículo, Luiz Estevão convocou membros da imprensa para acompanhar a lavagem de roupa suja. Antes de entrar no escritório do clube, o Correio ouviu da assessoria de imprensa o real motivo do chamado. "Sabem a reunião tão aguardada entre o Luiz Estevão e o Iranildo? Pois é. Ela vai ocorrer agora e vocês estão convidados."

Durante 40 minutos, o mandatário do clube tomou a maior parte do tempo para tentar justificar o motivo pelo qual não queria mais o jogador vestindo a camisa de seu clube. Em meio às várias críticas feitas ao ex-camisa 10 de forma impiedosa, sem se preocupar com a presença dos outros membros à mesa, o senador cassado questionou, inclusive, o peso do jogador. "Um atleta não pode ter 13% de percentual de gordura. A não ser que alguém me traga fisiologistas que garantam que um jogador com 13% de gordura renda o mesmo tanto que um de 10", ironizou.

Luiz Estevão deu a entender que, mesmo que queira, Iranildo não será aproveitado. Sem querer liberar o meia, Estevão deu três opções: a primeira é que ele procure um clube que o queira. Assim, o Jacaré, de acordo com o dono da agremiação, o emprestaria sem custos. Na segunda, o meia-atacante teria de pagar a rescisão de seu contrato, de R$ 500 mil. A terceira e última alternativa seria Iranildo permanecer no clube de Taguatinga até o encerramento de seu contrato. Nesse caso, ficaria apenas treinando. Confira na íntegra a reunião entre o homem forte do Brasiliense, Luiz Estevão, e o maior ídolo da história do clube, Iranildo.

Luiz Estevão: Desde aquele dia que a gente não conversa, não é isso?

Iranildo: Exatamente.

Luiz Estevão: Desde a vez que você me encontrou, eu pedi para você ter paciência e esperar terminar o campeonato para a gente poder conversar.

Iranildo: Isso mesmo. Estou aqui para a gente definir logo essa minha situação. Pelo carinho que eu tenho pelo clube, meu pensamento é permanecer aqui e isso está nas suas mãos.

Luiz Estevão: Iranildo, deixa eu te dizer o seguinte. Você é um grande jogador, com uma capacidade de jogar futebol muito grande, mas o seu rendimento este ano não foi o que se espera. Você, no campeonato de Brasília, pouquíssimo fez. No Brasileiro, foi o pior da sua história no Brasiliense. E esse rendimento vem caindo. Em 2009, a gente foi mal. Em 2008, no Brasileiro, a gente foi mal. Acho que essas coisas são para a gente ter uma conversa bem sincera, como eu sou, e você também é. Não adianta ficar mentindo, não é coisa do nosso feitio. Em 2008, naquela arrancada que nós demos no fim, que o (Roberto) Naves (assessor de imprensa, na época repórter do Correio) gravou um programa de TV dizendo que o Brasiliense já podia jogar a toalha.

Roberto Naves: É, mas tem alguém (apontando para Iranildo) que também acha que foi milagre.

Luiz Estevão: É, mas é milagre porque ele não jogou. Praticamente não jogou a reta final de 2008.

Iranildo: Dois mil e oito? Que isso, presidente? Joguei, sim.

Luiz Estevão: Jogou muito pouco. Quando chegou 2009, você também não teve um bom rendimento no Brasileiro, embora tenha jogado a fase final. No início de 2010, eu disse para você: 'Iranildo, eu acho você um grande jogador, mas tem que melhorar aquele problema'. Você treina muito pouco. E todo mundo sabe que é preciso treinar. Eu estava vendo uma entrevista com o Conca e um repórter perguntou para ele qual o segredo para atuar as 38 rodadas e ele respondeu: eu acho que é porque treino muito e estou bem preparado fisicamente. Então, eu acho que isso faz uma grande diferença. Eu conversei com você e disse que gostaria de estimulá-lo a seguir os trabalhos dos treinamentos. Falei também que você precisa jogar mais perto do gol. Quando você está lá, as oportunidades de gol são maiores. Quando não está, as faltas ficam muito distantes, no meio-campo. Até te sugeri fazer uma experiência. Ofereci a você um bônus por treinamento, um bônus por gol marcado. É verdade ou não é?

Iranildo: É verdade.

Luiz Estevão: Meu amigo, infelizmente sua presença nos treinamentos é muito pouca.

Iranildo: Mas pera aí…

Luiz Estevão: Deixa eu te dizer uma coisa. Não tem essa de a gente querer achar culpados para os nossos problemas porque não são. Vi uma entrevista que você deu e seu acusado é o Paulo Henrique (ex-gerente de futebol, que mantém a confiança de Luiz Estevão). Quem passa as informações para mim não é o Paulo Henrique. Toda vez que acaba o treino, eu recebo um e-mail dizendo quem participou.

Iranildo: Então, me desculpe, mas estão passando informação errada para o senhor. Eles (imprensa) estão de prova que eu sou o primeiro a chegar no clube e o último a sair.

Luiz Estevão: Chegar, você pode até ser o primeiro, mas a sair não é. Você não treina, Iranildo.

Iranildo: Treino, treino, sim. Mas então agora no Brasiliense vai ter que ter aquele carimbo para bater o ponto para ver a hora de quem chega e quem sai.

Luiz Estevão: Hoje, o Brasiliense já tem isso.

Iranildo: Porque eu acredito que tem gente passando informação errada.

Luiz Estevão: Desde o começo do ano, eu tenho diariamente um relatório, a cada treino, eu fico sabendo quem chegou, quem estava no DM… O nível de aproveitamento, de presença sua, é muito baixo. Infelizmente…

Iranildo: Aí vou ser obrigado a discordar do senhor. Às vezes, a pessoa que está ali no dia a dia está querendo prejudicar o Iranildo ou então o clube.

Luiz Estevão: Você quer ver um negócio? Olha só. Você era o melhor jogador de bola parada que o Brasiliense tinha. Qual foi o último gol de falta que você fez?

Iranildo: Não lembro. Mas pera aí. Eu não estou aqui para resolver sozinho. Você citou o Conca, mas ninguém resolve sozinho. Existe o grupo.

Luiz Estevão: Iranildo, eu já te falei. Algumas palavras são usadas no futebol para resolver algumas coisas. Por exemplo, planejamento. Todo mundo fala que é preciso planejar, mas isso qualquer um faz, todo mundo faz. O difícil é colocar em prática. Posso ir atrás de um treinador competente, uma comissão técnica muito qualificada, organizar o lado financeiro, que o problema será a execução. Planejamento nenhum faz a diferença, o que faz é a execução. Então, você virar para mim e falar em grupo… E não estou falando isso agora, já disse em algumas palestras que eu fiz. Não existe esse negócio de grupo. Grupo é uma ficção, não é uma figura concreta. Concreto é o indivíduo. Então, esse negócio de o grupo vai fazer isso, o grupo fez aquilo, isso não é real. O grupo é a soma do desempenho e da atitude dos indivíduos. Funciona assim: a Nathália (Mendes, assessora de imprensa) cumpre parte dela. O Eduardo (Ramos, homem de confiança de Luiz Estevão) cumpre a dele e aí por diante. Portanto, chegamos ao jogo contra o Bahia (na 34ª rodada), o Andrade, o Andrade… Primeiro que, olha só. Aquela declaração sua, dizendo que ninguém entende o que o Andrade fala é uma coisa inexplicável. Assim como você, o Andrade é uma pessoa que merece respeito. Você não pode dar uma declaração daquela. Se você considera uma declaração daquela comum, não está preocupado com o ambiente do clube. Por outro lado, no jogo contra o Bahia, o Andrade chegou para você e perguntou: Iranildo, você está bem? Você disse que sim. Ele disse que queria usar você no segundo tempo daquele e você depois disse que estava com uma tendinite no joelho…

Iranildo: Presideeeente, presideeeente…

Luiz Estevão: E você se recusou a jogar.

Iranildo: Presidente, aí também já é demais. A informação que passam para você é totalmente errada. Você viu a conversa que eu tive com o Andrade? Ele me perguntou se eu estava bem. Eu falei: Andrade, estou voltando da contusão e pronto para lhe ajudar. Ele então me disse que estava pensando em me colocar no banco e eu falei que tudo bem e ia treinar. Deu 15 minutos, eu saí do treino. Até encontrei o repórter e falei para ele que tinha sentido muita dor. Entrei para o vestiário e fui falar com o médico.

Luiz Estevão: Que médico?

Iranildo: O doutor Rogério (Agnelo, um dos médicos do clube).

Luiz Estevão: Iranildo, são essas coisas que eu falo para você. O relato que passam para mim você diz que está errado. A história que o Andrade me disse sobre o negócio da sua tendinite, você diz que não é verdade.

Iranildo: Mas aí ele só está vendo o lado dele.

Luiz Estevão: O negócio que a imprensa divulgou que você falou que ninguém entende o que o Andrade fala também não é verdadeiro. Então deixa eu te dizer o seguinte, olha. Com toda sinceridade, tenho o maior apreço por você, mas não vi em 2010, aquele foco e aquela motivação no Brasiliense. Não adianta você dizer sobre seu carinho pelo Brasiliense, seu apreço pelo clube, porque palavras têm um peso, mas atitudes pesam muito mais.

Iranildo: Só do Iranildo que você não viu?

Luiz Estevão: Não. Outros jogadores também não estão ficando. Mas resolva o seu problema.

Iranildo: Eu estou resolvendo é o meu mesmo. O senhor está tentando colocar a culpa em mim.

Luiz Estevão: Estão aqui a Nathália, o Naves, que não são meus amigos. Quero saber se alguma vez eu quis procurar culpados. Eu valorizo é o seguinte. A natureza deu um pescoço para a gente foi para olhar para frente. Então é o seguinte. O Brasiliense vai ficar na Série B? O Brasiliense vai ficar na Série C? O Duque de Caxias vai ser punido? Isso aí, meu amigo, são coisas que não dependem de mim. O que depende de mim eu faço. Eu só acho que sua motivação para defender as cores do Brasiliense não é a mesma, só isso. Assim como pode ter o momento em que a pessoa está muito motivada em trabalhar em um lugar, pode ter outro em que não estão. Então, Iranildo, com a maior abertura do mundo, eu peço para que você veja um clube que esteja ligando para você, que você converse, e procure um acerto. O Brasiliense não irá criar barreira alguma para você ser emprestado.

Iranildo: Peraí, mas como assim? Eu tenho contrato com o Brasiliense, como é que vou procurar outro clube?

Luiz Estevão: Eu estou te dizendo. Você pode procurar outro clube. Hoje (ontem) mesmo será colocado no site oficial do Brasiliense que você está livre para negociar com qualquer um. Todo mundo vai saber disso.

Iranildo: Eu não vou procurar outro clube.

Luiz Estevão: Então, se não vai querer…

Iranildo: Presidente, que isso? Eu só quero resolver minha situação. Respeito muito o senhor, só quero receber o que tenho direito e pegar minha liberação. Não quero nada do ano que vem. Não sei se você se lembra lá na audiência no Gama, quando disse para os jornalistas que eu só saia do Brasiliense quando quisesse. E eu respondi que não era assim. Que só sairia quando você quisesse. Então o que acontece é que quero resolver essa situação numa boa. Se você acha que eu não tenho mais motivação, que eu não estou rendendo, eu só quero minha liberação.

Luiz Estevão: Quando eu disse aquilo ali no Gama, para mim, a sua postura no ano de 2010 foi um recado de que não queria mais…

Iranildo: Presidente, eu estou entendendo. Infelizmente jogador vive de resultado e esse ano realmente não fui bem. Não fui bem. Perdemos o campeonato de Brasília, marquei só um gol na Série B. Então está resolvido. Vamos sentar e definir a minha liberação.

Luiz Estevão: Como eu disse, você pode negociar um empréstimo com qualquer clube que o queira. Daqui a pouco vai estar no site que você não estará fazendo nada de errado. Estamos numa reunião que não dá margem para outras versões porque a imprensa está aqui.

Iranildo: Meu negócio é o seguinte. Você está dizendo que não me quer mais no clube. Então o que eu estou pedindo é só meus direitos desse ano. Não vou pedir nada do restante do meu contrato. Não quero mais nada. Mais nada! É só me dar minha liberação.

Luiz Estevão: Iranildo, veja bem. No meu ponto de vista, você tem três opções. Se você quiser sair, você paga a multa rescisória (R$ 500 mil) e sai. Senão, você negocia com outro clube e nós o emprestamos sem dificuldade nenhuma. A terceira opção, você fica aí. Liberar, eu não libero, até porque é o seguinte. Se um jogador quiser encerrar o contrato com o Brasiliense já vai saber o que fazer para isso.

Iranildo: O Brasiliense vai pagar o que me deve quando eu sair?

Luiz Estevão: Vai. O Brasiliense paga todo mundo, Iranildo.

Iranildo: Presidente, o que eu queria era resolver tudo numa boa com o senhor. Você sabe que nossos problemas nós resolvemos em 10 minutos.

Luiz Estevão: Estou lhe oferecendo três opções.

Iranildo: Mas aí não resolve.

Luiz Estevão: Vê direitinho o que você quer e depois me liga, manda uma mensagem, que eu respondo. Tá bom? Só não queria ter essa primeira conversa sem ser às claras para depois não ficar aquele negócio de cada um dizer que não foi bem isso que foi dito, nem nada.

Cassação no Senado

O empresário Luiz Estevão foi o único senador a ter o mandato cassado até hoje. Ele é acusado de envolvimento com o desvio de R$ 169 milhões das obras do Tribunal Regional do Trabalho (TRT) de São Paulo, no fim da década de 1990. O Grupo OK é suspeito de ser o destinatário dos recursos direcionados para a construção do fórum, cuja empreiteira responsável era a Incal. A licitação e a construção da obra estavam sob a responsabilidade do juiz Nicolau dos Santos Neto, então presidente do tribunal. Depois de denúncia apresentada pelo Ministério Público Federal de que Luiz Estevão teria alterado livros contábeis para justificar a quantia recebida com o superfaturamento das obras do TRT, o empresário acabou condenado a três anos e seis meses de prisão em regime semiaberto por falsificação de documento público. Ele também foi condenado a 31 anos de cadeia pelos crimes de peculato, estelionato, corrupção ativa, falsidade ideológica e formação de quadrilha. A defesa do empresário, porém, recorreu de todas as sentenças. Estevão alega que é inocente.

Ouça a íntegra da reunião

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